O moscatel que todos os portugueses conhecem nasceu da determinação e ousadia de uma pequena comunidade do Douro vinhateiro: Favaios.

Quando o governo de Portugal ditou que o planalto duriense de Favaios ficava excluído do direito de produzir vinho do Porto, os seus viticultores viram-se em dificuldades. Estávamos em 1935 e o famoso vinho licoroso era o principal sustento daquela comunidade, já então conhecida pelo uso da casta Moscatel para a produção de Vinho do Porto.

Quando a interdição chegou, havia na Região Demarcada do Douro, criada em 1756, um excesso de produção. Na procura de uma solução, é decreta a atribuição do Benefício de produção do vinho generoso do Douro apenas para vinhas localizadas a uma altitude inferior aos 500 metros. Como Favaios está a uma cota superior, os viticultores daquela aldeia vinhateira perdem a autorização para produzir e comercializar o vinho do Porto, o único que então tinha valor de mercado.

A medida revelou a determinação da comunidade. Sem nunca desistirem de produzir o Moscatel de Favaios, os viticultores organizaram-se para fazer valer o reconhecimento do seu vinho. A Adega Cooperativa de Favaios nasce desta persistência e dedicação, em 1952, acabando por desempenhar um papel fundamental na criação de uma nova categoria de vinho, o Moscatel do Douro (oficialmente reconhecida em 1982).